Como iniciar uma carreira em Fonoaudiologia?

Como iniciar uma carreira em Fonoaudiologia?

Sair da faculdade para o mercado de trabalho é desafiador para todos os profissionais, mas especialmente mais complicado em áreas como a Fonoaudiologia, que possui um campo de atuação muito vasto.

Pensando nisso, entramos em contato com profissionais que são referência em fonoaudiologia aqui no Brasil para entendermos:

  • Quais foram as suas maiores dificuldades no início da carreira? O que fez para superá-las?
  • Se pudesse dar uma dica aos recém-formados, qual seria?

O que dizem as especialistas?

Fga. Aline Fontes

Fga. Aline Fontes

Eu sou da 2ª turma formada em Aracaju em fonoaudiologia então todos os fonos que trabalhavam aqui precisaram sair para estudar fora. Antes de me formar, procurei estágio não remunerado com uma fono que tinha experiência e um nome muito bom na região. Acompanhei os atendimentos dela nas férias e, durante o último semestre do curso, eu ia uma vez por semana ou sempre que eu tinha horário vago. Com isso, assim que eu me formei ela deixou eu alugar o turno A, que ela não alugava para recém-formadas.

A experiência com o estágio foi muito boa porque eu consegui ver na prática, ter orientação de pessoas que estão longe da universidade e eu acho que a maior dificuldade de estudante é justamente essa: “O que é que eu vou fazer agora?”.

Na faculdade é tudo muito certinho. Fazemos aqueles relatórios e planejamentos de atendimento enormes, mas na vida real não é bem assim. Fazemos relatórios, mas não um planejamento de seis folhas.

Assim que me formei, eu já aluguei dois turnos. Acho que uma dificuldade de todos as minhas colegas era a questão financeira. Graças a Deus, a minha mãe me ajudou pra eu conseguir alugar estes dois turnos e pagou o aluguel por dois meses. A partir do terceiro mês, quando eu recebi do plano de saúde, eu já conseguia pagar o aluguel e, lá pelo quinto mês, eu conseguia pagar o aluguel e minha pós-graduação. Deste ponto em diante, eu fui conseguindo ter mais lucro e comecei a pegar mais turnos, até que minha agenda começou a encher, peguei todas as tardes e depois uma sala inteira.

Em janeiro foi a minha formatura e em abril eu já estava fazendo a pós-graduação em voz em Salvador. Aí fui atrás dos otorrinos entregar currículo, falei que estava me especializando em voz, neuro, pediatra, fui nas escolas oferecer palestras de graça, fui nas creches e etc…

A dica que eu dou para as recém-formadas é essa: se você não tem condições de pagar aluguel de um consultório, então tente achar emprego em que as pessoas paguem por contrato, tarde de atendimento, porcentagem e, com isso sempre tire parte do dinheiro para juntar e conseguir alugar um consultório, se for da sua vontade. Se não for, trabalhe dessa forma ou fazendo audiometrias para juntar dinheiro pra fazer uma pós-graduação. Não oriento entrar num mestrado assim que se formar, porque é bom ter uma experiência clínica, de mercado de trabalho. Se ficar direto no mestrado e depois doutorado acaba tendo muito conhecimento teórico e pouca experiência clínica.

Outra dica que eu dou para os recém-formados é ir em escolas e creches para oferecer triagens de fala e linguagem, sempre entregando a triagem impressa com a sua logomarca para a escola e para os pais das crianças que apresentaram alguma alteração e, caso queiram procurar o seu trabalho, ofereça desconto!

Oriento também a procurar os médicos, neuropediatras… pra fazer esses acompanhamentos. Já o pessoal da voz, eu oriento a procurar os otorrinos para participar dos exames, aprender a olhar as estruturas, analisar os exames e etc. Quem gosta da parte de áudio, pode procurar os otorrinos para participar das cirurgias de implante coclear, orelha… até porque, tem muitos que gostam desta procura e eles atendem bastante.

E como o mundo mudou em tão pouco tempo (na época em que eu me formei não tinha esta questão de redes sociais), eu oriento a fazer um perfil instagram, facebook, criar uma marca bonita (nada de fazer aquelas artes que já estão pronta na internet, que é uma boca e uma onda sonora saindo ou uma boca e um ouvido), receituário bonito, investir nisso mesmo porque é um diferencial até para procurar os médicos. Publique coisas que ajudem outras pessoas, coisas do dia-a-dia, e também conteúdos de interesse dos pais, professores, médicos e outros profissionais.

Além disso, também acho interessante fonos que recém formadas se juntam e alugam um consultório e compram material juntas.

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Fga. Paula Moura

Fga. Paula Moura

Minha maior dificuldade logo no começo foi iniciar a carreira como fonoaudióloga, mas depois de 6 meses de formada consegui o meu primeiro emprego e nunca mais fiquei parada. Era um emprego temporário em uma cidade vizinha à minha (80km), para substituir uma fonoaudióloga que estava de licença maternidade.

Foi bastante desafiador para mim, pois ela atendia de tudo: terapia e audiologia na clínica, além de audio ocupacional em muitas empresas. Quando se é recém-formada isso assusta um pouco, mas superei as dificuldades estudando muito a cada caso novo que me aparecia, para poder atender os pacientes e as empresas segura do que eu estava fazendo.

Abracem as oportunidades sem medo - a maior parte do nosso conhecimento se constrói com a prática!

Valeu a pena, quando a licença dela acabou, uma das empresas resolveu não terceirizar mais o serviço de Fonoaudiologia e me contratou.

Abracem as oportunidades sem medo - a maior parte do nosso conhecimento se constrói com a prática! A teoria é apenas uma base (que também devemos ter, claro!). Atualizem-se sempre na área que se propuserem a atuar e façam valer todo empenho, dedicação e investimento - jamais aceitem uma remuneração injusta que desvalorize o profissional que você é. Façam tudo com amor e recebam seus pacientes da mesma forma com que gostariam de ser recebidos se o paciente fossem vocês!

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Fga. Susan Stroiek

Fga. Susan Stroiek

Quando terminei meus estudos no ano de 2012 e chegou a tão sonhada formatura, o futuro ainda era incerto. Conclui a faculdade em uma cidade diferente de minha cidade natal, algo que acontece com a maioria dos estudantes. Eram muitas as perguntas: Vou conseguir emprego? Onde? Quando? Será que vai demorar muito?

É inevitável querer se esquivar dessas perguntas que fazemos a nós mesmos o tempo todo e, de certa forma, são as perguntas que a sociedade também nos faz, a família, os amigos…

Estudar fonoaudiologia foi e é uma decisão de coragem! Principalmente há 10 anos quando entrei na faculdade e as pessoas ainda se perguntavam: “fono o que? Tem certeza que você quer isso? Não vai conseguir trabalho!! Mas afinal o que isso estuda mesmo?“. A maioria dos amigos dava os parabéns pela aprovação e no fundo pensavam que era uma atitude inconsequente, por acharem que não haveria futuro dentro da profissão.

Hoje, só quem é Fonoaudiólogo sabe que é uma decisão que envolve, acima de tudo, amor pelo próximo, dedicação e muito, mas muito empenho!

Após o término das aulas voltei para a cidade onde estava minha família e tive a ajuda de pessoas muito queridas, que me deram oportunidades e acreditaram em mim. Por outro lado houve pessoas que não deram abertura, nem atenção principalmente quando fui de porta em porta em consultórios médicos, pediátricos, odontológicos… deixar meus cartões de apresentação e currículos.

A boa noticia é que a Fonoaudiologia é uma profissão muito ampla, e sim, há espaço para todos!

Com o passar dos meses as coisas foram se ajeitando. Hoje trabalho como Fono em 3 empregos diferentes durante a semana e estou realizada!! Sou imensamente grata por cada pessoa que me ajudou, pelo apoio que tive da minha família, por nunca deixarem que eu desacreditasse.

Dificuldades não aparecem somente no início da vida profissional. Aparecem sempre! Todos os dias precisamos tomar decisões novas, optar por algo, pensar com cautela em cada atitude. A dica é: CONFIE EM VOCÊ! ACIMA DE TUDO CONFIE EM VOCÊ! O medo não pode nos paralisar e nos impedir. Defenda nossa profissão, nunca pare de lutar e mostrar para as pessoas o quanto a fonoaudiologia é importante e o quanto precisamos estar inseridos nas equipes. Nunca pare de estudar!

Ame o que faz todos os dias.

Esse é o combustível que me move!!

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Marcando o fim da nossa entrevista, esperamos que você utilize este denso conteúdo para criar dias melhores. Estas três profissionais nos mostraram que o começo nunca é fácil, mas com a determinação necessária, tudo pode ser atingido!

Fica também o nosso muito obrigado de 💜 para a Aline, a Paula e a Susan, que dedicaram um bom tempo compartilhando as suas experiências conosco. O sucesso de vocês, é mais que merecido!